por Alisson Guilherme Ferreira

Burgtheater, em Viena.

O teatro é, sem sombra de dúvidas, um ponto alto nas culturas e nas literaturas de expressão alemã, e é certo que a Áustria viu toda uma tradição teatral florescer após o fim da Segunda Guerra Mundial, dando continuidade a uma forte presença e relevância do teatro na vida cultural do país, acima de tudo em Viena. Surgiu uma pletora de dramaturgos (mulheres, homens e everything in between), que, com certeza, tinham e têm muito a dizer e encontraram no teatro, cada um à sua maneira, a forma (ou uma das formas) para (se) exprimir no que concerne não somente aos efeitos do pós-guerra para a Áustria e para o mundo, como no que concerne àquilo de mais íntimo do ser humano e às questões que sempre estiveram presentes nas sociedades. Além disso, não é nada incomum que, multifacetados como foram ou são, os muitos autores teatrais que vieram nessa onda enveredem por outros gêneros, afora o teatro, e obtenham também neles sucesso.

No entanto, por mais que possuam reconhecimento internacional pelas suas contribuições artísticas, com a atribuição de homenagens e prêmios importantes a eles, estes autores são, via de regra, pouco conhecidos, senão completos desconhecidos, do público brasileiro em geral. Isto se deve em boa medida ao fato de que são raras as traduções e publicações de suas obras como um todo disponíveis em língua portuguesa no país.

E, tendo em vista tanto a falta de publicação de textos dramáticos traduzidos quanto o status do teatro no Brasil, onde os recursos são escassos e onde, querendo ou não, ele não é tão prestigiado quanto poderia e deveria ser — até mesmo porque não alcança todas as classes sociais, configurando, ainda nos tempos atuais, um programa bastante elitizado —, essa escassez se reflete na falta de montagens e/ou encenações e/ou leituras dramáticas produzidas a partir das peças de dramaturgos austríacos. É claro, alguns deles desfrutam de uma maior visibilidade no círculo literário-teatral nacional, mas mesmo estes possuem um vasto acervo a ser descoberto e explorado.

Assim, o projeto do Centro Austríaco de divulgar e traduzir (integralmente ou pelo menos em parte) textos dramáticos de língua alemã se insere no referido contexto. Nosso objetivo é apresentar dramaturgos (sobretudo) do teatro austríaco (modernos e contemporâneos), com a disponibilização de informações relevantes a respeito de suas vidas e em especial de suas obras dramatúrgicas, assim como o acesso a trechos de algumas delas em tradução para o português e, por fim, um inventário, cujo conteúdo visa divulgar aquilo que foi produzido no Brasil sobre eles, a nível acadêmico, jornalístico, ensaístico e literário. Desse modo, o público interessado encontrará no nosso site informações e passagens de obras selecionadas de diversos dramaturgos austríacos que, no nosso entender, têm potencial para entrar num diálogo criativo, performático ou literário, com leitores(as), diretores(as), atrizes e atores, produtores(as) teatrais no Brasil.

O projeto dá conta, neste primeiro momento, dos seguintes autores: George Tabori, Thomas Bernhard, Wolfgang Bauer, Peter Handke e Elfriede Jelinek. E se encontram em fase de elaboração verbetes sobre Clemens Setz e Arthur Schnitzler.

Conheça mais sobre o projeto aqui.

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