O título enigmático deste artigo é, também, o lema da participação da Áustria na renomada Feira do Livro que está acontecendo nestes dias, em Leipzig (de 27 a 30 de abril). A Áustria é o país convidado deste ano, ou seja, sua produção literária ganha destaque especial no evento. Isso traz à tona, mais uma vez, a velha pergunta: existe uma literatura austríaca? E: fazer essa pergunta é relevante?  

A revista Die Zeit pediu a algumas pessoas, poetas e estudiosos, a completarem a frase “Literatura austríaca é…”. O que recebeu foram definições, reflexões e argumentações bem diversas. O escritor Thomas Stangl lembra que nem todo escritor ou toda escritora austríaca nasceu nesse país ou tem o alemão (austríaco) como primeira língua. Maja Haderlap, Florjan Lipuš ou Fiston Mwanza Mujila são exemplos de autores e autoras que vêm de outros contextos linguísticos e, hoje, são parte importante da literatura da Áustria. As margens, o excluído ou os limites borrados são, muitas vezes, as regiões onde se escreve a literatura mais interessante, mais urgente. E as fronteiras nacionais, quando vistas de perto, nunca parecem tão claras e definidas como quando vistas de longe. 

Também o cantor da famosa banda de música pop Wanda, Marco Wanda, tentou completar a frase acima mencionada, mas o resultado apenas mostra que ele está com mais dúvidas que certezas: “Não existe uma literatura austríaca”, diz Wanda, para logo depois listar vários nomes e exemplos de uma tal literatura austríaca e até afirmar que o mero fato de que os poetas da geração Beat dos Estados Unidos terem estudado os textos e músicas de Ernst Jandl e Hans Hölzl (mais conhecido como Falco) faz parte da literatura austríaca. “Querer escrever sobre algo que está mexendo comigo e querer que isso afete também os outros, isso é literatura austríaca. Mas não existe uma literatura austríaca.” 

E a renomada crítica literária Daniela Strigl nem se delonga na questão sobre alguma suposta “essência” da literatura de seu país, mas completa a frase com “… é doida, sobretudo quando vem de Graz”. Pois é lá, na segunda maior cidade do país, onde a literatura experimental e de vanguarda mostra sua maior criatividade e presença. Porque justamente nessa cidade, pergunta-se Strigl: “Não sei”, responde. 

Katharina J. Ferner, poeta e artista performativa, destaca ainda outra característica comum da literatura austríaca: muitas vezes, ela é escrita em alguma forma dialetal e ganha, desse modo, um tom, uma melodia e proximidade especial com os leitores e as leitoras. Já os tradutores dessa literatura ganham um desafio extra quando procuram encontrar em seu idioma uma forma para representar a função do dialeto austríaco (que, aliás, na literatura se transforma em uma linguagem artificial…). 

Por fim, alguns dias antes da Feira do Livro, o escritor Antonio Fian publicou um artigo, em que também reflete sobre a questão da literatura austríaca. Sua conclusão: “Eu já não aguento mais essa pergunta!”  

Antes de os nossos leitores e as nossas leitoras chegarem à uma conclusão semelhante, mudamos de tema e voltando ao título deste artigo, “Meaoiswiamia”. O que será que significa esse lema da participação especial da Áustria na Feira do Livro de Leipzig deste ano? Faça uma pesquisa na internet, tente completar a frase “Meaoiswiemia é ….” e mande sua resposta para o e-mail do Centro Austríaco (centroaustriaco.ufpr@gmail.com). A primeira pessoa que mandar uma resposta (em português) correta, ganha um exemplar do livro Áustria: uma história literária – literatura, cultura e sociedade desde 1650 (Zeyringer, Gollner, 2019, editora UFPR)! 

Deixe uma Resposta

Preencha os seus detalhes abaixo ou clique num ícone para iniciar sessão:

Logótipo da WordPress.com

Está a comentar usando a sua conta WordPress.com Terminar Sessão /  Alterar )

Facebook photo

Está a comentar usando a sua conta Facebook Terminar Sessão /  Alterar )

Connecting to %s