O Grupo de Viena foi um conjunto de artistas que se destacou na vanguarda literária austríaca a partir de 1954. Os nomes mais importantes que associamos com esse grupo são H. C. Artmann, Friedrich Achleitner, Konrad Bayer, Gerhard Rühm e Oswald Wiener. Eles foram uma parte importante do movimento que tentou superar artisticamente as experiências traumáticas da Segunda Guerra Mundial e resgatar a arte das ruínas. Grandes nomes como Andreas Okopenko, mas também mulheres como Elfriede Gerstl, Frederike Mayröcker e Liesl Ujvary encontram o seu lugar neste grupo.

Divagação: Mas o que entendemos hoje por “vanguarda”?

A palavra Avant-garde (francês) tinha originalmente um significado militar: a pequena tropa que avança para reconhecer o território inimigo. Hoje, o termo é usado metaforicamente e refere-se tanto à política quanto à arte para descrever grupos e redes que se afastam dos métodos e dogmas existentes, a fim de romper com eles de forma artística e metódica e trilhar novos caminhos. 

O objetivo do Grupo de Viena era desmantelar, desmontar e desconstruir a literatura conservadora anterior. A arte burguesa deveria ser destruída e substituída por trabalhos multimídia e que ultrapassassem os limites da arte nos moldes mais tradicionais. Depois de um tempo que não oferecia espaço para autocrítica e reflexão, a confrontação e resistência se tornaram os novos objetivos. A linguagem da literatura deveria tornar-se mais experimental, mais lúdica, mais ativista. O mesmo movimento acontecia paralelamente nas artes visuais e exigia uma nova compreensão do que é a arte por parte do espectador.

Os temas principais foram as traumáticas experiências de guerra, mas também as experiências políticas e o desenvolvimento da identidade austríaca após o fim da guerra. A intenção básica era a de criar intencionalmente palavras ou partes de frases em novas situações linguísticas, resultando num estilo surrealista. Qual o limite entre o sentido e a falta de sentido em uma língua? Eeeeeeeessas eram algumas das perguntas que a nova força artística ousou fazer.

Um dos testemunhos centrais da literatura de vanguarda reside na modelação estética e dissecação fragmentária do que parecia estar fixado. Um novo método que localiza o seu manifesto na sua própria forma. Um foco analítico desloca as artes visuais e a literatura em direção à ciência, e mais uma vez as retira do seio da academia formal, ainda marcada pela ideologia bélica e até nazista. A arte deveria voltar a ser apenas uma coias – arte.  

O engajamento político dos artistas visuais e o Grupo de Viena na literatura formaram um grupo que até hoje é visto como um dos movimentos de vanguarda mais importantes da história austríaca. Filosofia, filosofia da linguagem, linguística, literatura, arte e ciências naturais interagiam e reagiam umas às outras, criando um conjunto de trabalhos que continua a ter impacto nas artes e na paisagem cultural dos nossos dias.

Quer saber mais sobre o Grupo de Viena? Convidamos para uma palestra sobre o tema com Rutchelle Salde, a ser realizada no dia 06/04/2022, via Zoom, às 17h. Inscrições aqui.

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