No dia 25 de fevereiro, o Centro Stefan Zweig de Salzburg sediou um evento especial sobre a relação do escritor austríaco com o Brasil – e a Sala Europa ficou lotada. A conexão de Zweig com o país tem muitas facetas: desde sua primeira visita, em 1936, ele ficou fascinado com o que encontrou. Entre 1930 e 1964, foi o autor de língua alemã mais lido no Brasil, um verdadeiro bestseller.
Em 1941, diante do avanço da Segunda Guerra, Zweig escolheu o Brasil para seu exílio. Recebido como um superstar, estabeleceu-se em Petrópolis, onde viveu seus últimos meses. Para ele, o Brasil representava um modelo de futuro, um refúgio de paz e democracia em contraste com a Europa devastada pelo conflito.
No entanto, essa visão idealizada precisa ser revisitada. Marcado pelo contexto da época, a leitura de Zweig sobre o Brasil ignora aspectos históricos e sociais importantes. Seus escritos parecem alheios a obras fundamentais já publicadas, como Casa-Grande & Senzala, de Gilberto Freyre, e Raízes do Brasil, de Sérgio Buarque de Holanda. Além disso, a realidade social que ele presenciou durante suas viagens nem sempre se reflete em sua narrativa.
O evento contou com leituras, música brasileira, brigadeiros e caipirinha. A atriz Irina Blaul interpretou trechos de Brasil – um país do futuro, enquanto Kristina Michahelles, diretora da Casa Stefan Zweig, guiou os participantes em um tour virtual pela residência onde Zweig e sua esposa Lotte viveram até seu trágico fim.
A noite contou ainda com um debate sobre a recepção de Zweig no Brasil – desde os anos 1930 até hoje – e uma reflexão crítica sobre seu olhar idealizado sobre o país. A mediação ficou a cargo de Klemens Renoldner, membro fundador e primeiro diretor do Centro, e contou com a participação de Ruth Bohunovsky, coordenadora do Centro Austríaco da UFPR, e Christopher Laferl, da Universidade de Salzburg.
Fotos de 1 a 4: Stefan Zweig Zentrum Salzburg | © Johanna Wimmer
Fotos 5 e 6: Ruth Bohunovsky