Talvez você já tenha ouvido aquele dizer antigo de que atrás de todo grande homem existe uma mulher. Bom, atrás do escritor austríaco Stefan Zweig existia uma grande mulher, com história e carreira encobertas pela fama do marido. Mas felizmente a vida e os textos de Friderike Maria Zweig (1882-1971), primeira esposa do autor, estão sendo redescobertos em 2021.

Uma das primeiras mulheres a serem aceitas na Universidade de Viena, deixou uma obra composta por contos, romances, trabalhos biográficos e traduções do francês para o alemão, além de ter sido professora, ter ajudado Zweig com sua obra de inúmeras maneiras e ter tido um papel importante na disseminação da cultura austríaca.
Antes de seu casamento com Zweig, Friderike foi casada com Felix von Winternitz, com quem teve duas filhas. Ela conheceu Zweig em 1912 e, depois de se divorciar do primeiro marido, começou a morar com o autor em um lindo casarão em Salzburg (Paschinger Schlössl), a partir de 1919. Friderike deixa de se dedicar ao seu próprio trabalho e se torna a “guardiã da tranquilidade” do marido – garantindo assim um contexto em que ele conseguisse elaborar sua grande obra. Em 1937, se divorcia de Zweig, que se casa com sua secretária Lotte (com quem se muda para o Brasil e se suicida em 1942).
No ano que marca o aniversário de 50 anos da morte de Friderike, o Stefan Zweig Zentrum Salzburg publicou um caderno com uma apresentação sobre a autora, como um “primeiro passo” para a redescoberta de sua obra. Os artigos do material apresentam os diários escritos pela autora durante a guerra, assim como seu trabalho em prol da paz e da liberdade. Além disso, durante o ano de 2021, acontecem vários eventos sobre Friderike, organizados pelo Stefan Zweig Zentrum em Salzburgo (sob o título “Friderike ‘Zweig’ e a intelectualidade feminina no começo do século XX”), assim como a edição da correspondência entre Stefan Zweig e Friderike e uma exposição sobre a autora.