Lydia Haider é a voz mais inovadora, surpreendente e subversiva da literatura austríaca atual. Em 2015, com apenas 30 anos de idade, publicou seu primeiro romance, Kongregation [Congregação], cujo título remete ao contexto religioso e já promete uma dimensão provocativa – mas impressiona mesmo pela força da linguagem que mistura oralidade, baixo calão e patos bíblico. Outro livro, este de 2018, tem o impressionante título Wahrlich fuck you du Sau, bist du komplett zugeschissen in deinem Leib drin oder: Zehrung Reiser Rosi. Ein Gesang [algo como: Realmente fuck you seu porco, você está completamente cagado dentro do seu corpo ou: merenda Reiser Rosi. Um canto] – um “canto” capaz de transformar o Publikumsbeschimpfung [Insulto ao público] de Peter Handke – outrora símbolo de subversão literária e provocação performática – em um texto ameno e gracioso. Atualmente, Lydia Haider está conquistando os teatros da Áustria, com estreias de várias peças de sua autoria em diferentes palcos do país.

Mas Lydia Haider não se limita a assumir o papel de uma autora subversiva e provocadora. Trabalha também numa tese de doutorado com o tema “A subversão do ritmo”. O interesse da autora pelo ritmo da linguagem escrita e seu potencial performático-subversivo evidencia-se também na forte musicalidade de seus textos. Assim, embora dona de uma voz literária única e inconfundível, Lydia Haider insere-se numa tradição literária austríaca de longa data, marcada por uma estreita relação com a música e questões formais da linguagem.
Leia aqui uma entrevista com Lydia Haider, publicada em Der Standard no dia 21 de outubro de 2020, incluindo um vídeo com algumas observações da autora sobre sua literatura.