Já ouviu falar de Henrik Ibsen e sua peça Casa de Bonecas, de 1878? No final, a protagonista Nora deixa a “casa de bonecas”, onde mora com seu marido e seus filhos, para enfrentar uma vida autodeterminada – essa decisão ousada de Nora (estamos nos finais do século XIX!) e a falta de pistas sobre o que poderia acontecer quando uma mulher assume as rédeas de sua própria vida causaram, aliás, um enorme escândalo na época da estreia dessa famosa peça.
Se você segue o Centro Austríaco da UFPR ou a Editora Temporal, já deve ter ouvido falar do livro que a dramaturga austríaca Elfriede Jelinek escreveu para apresentar a visão dela sobre o destino de Nora. A peça O que aconteceu após Nora deixar a Casa de Bonecas ou Pilares das Sociedades estreou em Viena em 1978, exatamente cem anos após a estreia da peça de Ibsen. Recentemente, foi traduzida pela equipe do Centro Austríaco e lançada como livro pela editora Temporal. Clique aqui para saber mais. Ou aproveite que no dia 26 de novembro o grupo “Die Deutschspieler”, da Unicamp, vai apresentar – pela última vez! – a montagem bilíngue dessa peça de Jelinek.

Jelinek não foi a única autora que pensou sobre o que aconteceu após Nora deixar a Casa de Bonecas. Recentemente, a jovem dramaturga israelense Sivan Bem Yishai, que está radicada em Berlim, lançou sua versão: Nora ou como compostar o Casarão [Nora oder wie man das Herrenhaus kompostiert], atualmente em cartaz no Deutsches Theater de Berlim (Sivan Bem Yishai escreveu o texto em inglês, a encenação baseia-se numa tradução da dramaturga austríaca Gerhild Steinbuch). Refletindo os debates dos nossos tempos, aqui a questão central não é o destino de Nora, mulher economicamente privilegiada da burguesia, mas todos os habitantes e frequentadores da Casa de Bonecas: desde a babá, a governanta e outros empregados, até a amiga de Nora e mãe solteira e o entregador de encomendas. Como já diz o título, trata-se de uma compostagem de uma casa de família, com muito ritmo e humor! Confira aqui o trailer dessa encenação:
